Imigrantes, refugiados e apátridas: acolher, proteger, promover e integrar
A Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano nos convidou a olhar para nosso próximo com respeito, carinho, acolhimento e amor. Ser instrumento de paz na vida em comunidade é entender que cada um, em sua particularidade, tem algo para agregar no caminho comum.
Conhecer estas potencialidades e estabelecer uma conexão com nossos irmãos é um dos primeiros passos para fortalecer a dignidade daqueles que estão mais vulneráveis. Acolher aqueles que necessitam de nossa proteção faz parte de nossas obrigações enquanto cristãos comprometidos com a causa do Reino. Combater a exclusão, o preconceito, a xenofobia, a indiferença e tudo aquilo que gera morte é, antes de tudo, um convite à reflexão acerca da nossa condição humana e de interesse genuíno pela vida.
Em Toledo, a Embaixada Solidária desenvolve um trabalho de acolhimento, inclusão e proteção social de imigrantes. Esta é uma Organização Não Governamental, uma "Casa de Todos os Povos", como é chamada carinhosamente. Seu trabalho é inteiramente voluntário, e atende não só aquele que vem de fora, mas todo aquele que precisar de suporte. Segundo a ONG, Toledo já conta com quase 5 mil imigrantes, fato que necessita de um olhar mais apurado por diversos setores da sociedade.
Neste sentido, no dia 1º de maio, eu, Jennifer Teixeira, assessora da Pastoral da Juventude e Secretária de Juventude e Políticas para Mulheres de Toledo, e o coordenador diocesano de Pastoral, Pe. André Mendes, visitamos a Embaixada.
Na visita, integrantes da ONG relataram os principais desafios e urgências para que este trabalho continue sendo realizado com êxito e consiga atender às demandas relacionadas a esta população, que surgem diariamente.
"Estes imigrantes chegam em Toledo precisando de roupas, alimentos, documentação, trabalho, moradia. E nós nos mobilizamos para fazer com que tenham o mínimo de dignidade e condições de se estabelecer aqui", relatou a presidente da Embaixada, Edna Nunes. Outro desafio que surge cotidianamente é referente à comunicação: muitos chegam conhecendo de três a quatro idiomas, mas nenhum é o português, e por termos culturas tão diferentes, muitos sofrem para entender algumas particularidades do Brasil.
No mês de março, a Embaixada lançou, em parceria com a Secretaria de Políticas para Mulheres, a campanha "Tolerância Zero: violência não é cultura", que visa conscientizar e sensibilizar para uma cultura de não violência contra mulheres, sejam elas imigrantes ou não. Ao passo que se divulga informações sobre a Lei Maria da Penha e todas as outras leis que compõem a rede de proteção, as demandas aumentam e é necessário que se tenha uma articulação intersetorial que promova os direitos para estas mulheres.
Da mesma forma, também é necessário que se olhe para a profissionalização e qualidade de vida de tais mulheres, tendo em vista que, em situações de risco, a autonomia financeira tem um papel fundamental no rompimento deste ciclo.
Outro fato que chama atenção é uma demanda quase que inerente aos imigrantes: manter a comunicação com seus familiares, muitas vezes seus dependentes, que ficaram no país de origem.
Pensando em formas de fortalecer a dignidade para todos os povos, nos urge o engajamento com a vida de cada um dos imigrantes que vivem em nossa Diocese. O trabalho orgânico entre sociedade civil, poder público e Igreja pode contribuir com a garantia de direitos deste grupo, e neste sentido a visita resultou na reafirmação do compromisso da Igreja e do poder público de Toledo com esta causa.
Como ajudar?
A Embaixada Solidária está carecendo de todo tipo de doação. Em sintonia com o pedido do Papa Francisco – "Acolher, proteger, promover e integrar", a Pastoral da Juventude lançou, no dia 8 de maio a “Campanha Solidária”.
Você pode ajudar divulgando esta campanha, ou doando os seguintes itens:
- Roupas de bebê e infantis;
- Roupas femininas;
- Roupas masculinas (calças e casacos);
- Alimentos não perecíveis;
- Cobertores;
- Fraldas;
- Produtos de higiene pessoal.
Em Toledo, o ponto de coleta é a Cúria Diocesana. Em Assis Chateaubriand, a Paróquia Nossa Senhora do Carmo e a Capela São Miguel.
"Por conseguinte, não está em jogo apenas a causa dos migrantes; não é só deles que se trata, mas de todos nós, do presente e do futuro da família humana. Os migrantes, especialmente os mais vulneráveis, ajudam-nos a ler os «sinais dos tempos». Através deles, o Senhor chama-nos a uma conversão, a libertar-nos dos exclusivismos, da indiferença e da cultura do descarte. Através deles, o Senhor convida-nos a reapropriarmo-nos da nossa vida cristã na sua totalidade e contribuir, cada qual segundo a própria vocação, para a construção dum mundo cada vez mais condizente com o projeto de Deus" (Papa Francisco, Mensagem para o 105º Dia do Migrante e do Refugiado).
Jennifer Teixeira
Assessora da Pastoral da Juventude
Secretária Municipal de Juventude e Políticas para Mulheres de Toledo